hoje quero contar pra vc essa história linda de um amor impossível....
Foz do Iguaçu é um sonho, desfrute desse amor.....
bjs..espero que goste dessa lenda! como é bom sonhar......
De que é feito o amor? De que fibras são feitas as teias que nos envolvem e aprisionam. As mesmas fibras que aprisionam o carcereiro. O poder de um Deus, a coragem de um guerreiro, o amor de uma virgem, num só, num mesmo sentimento... De que são feitas as lendas?
Há muitos sóis e muitas luas, o Rio Iguaçu seguia seu curso calmo e tranqüilo, indiferente as duas tribos inimigas que viviam as suas margens. Numa margem vivia a grande nação Guarani, uma tribo de valentes e bravos guerreiros. Na outra viviam habilidosos canoeiros, os Caingangues. Ninguém jamais atravessaria o rio, nem pensavam em atravessar. Eram guerreiros honrados e se respeitavam, ate o dia em que o Deus do destino decidiu mudar essa história...
Certa manhã, Naipi, a linda virgem Guarani, filha de Igobi, pajé da tribo, banha-se no grande rio. Na outra margem dos olhos de Tarobá, um bravo guerreiro Caingangue decora cada gesto seu... Desde que vira Naipi, pela primeira vez seu coração se esquecera de todas as histórias que ouvira dos anciões da aldeia... A beleza da filha de Igobi enfeitiçara sua alma.
Naipi jamais será como as mulheres de sua aldeia que poderão ter um companheiro e filhos... Quando o sol nascer novamente ela será consagrada a M’Boy, o Deus Serpente, e a partir daí viverá somente para seu culto... Por luas e luas tem rogado a Tupã que a liberte dessa obrigação mas ele nada responderá...até aquele momento.
Então ela também o vê, e assustada Naipi silencia, a mata silencia e até o próprio rio se cala em um grande silêncio onde somente os olhos de Naipi e Tarobá falam... Falam de um sentimento mais antigo que o sol, mais antigo que a lua, mais antigo até mesmo que o céu... Nesse momento já não se reconhecem mais como inimigos... De que é feito o amor?
Passou a grande escuridão de Jasy, Tarobá e Naipi ainda estão juntos... É o dia da consagração e eles se separam, mais somente para se encontrarem novamente depois... Está tudo combinado, quando a noite chegar eles irão fugir da fúria de M’Boy para longe dali...
De que fibras são feitas as teias que nos envolvem e aprisionam¿... Cai a noite e todas as tribos amigas se reúnem na de Igobi, o grande cacique Guarani, para a festa de consagração de Naipi. Jorram licores, ébrios alaridos de festim bailam o ar...
Tarobá em sua argente paixão de bárbaro, rompe os taquarais e para á espreita da donzela, engrandecida pelas chamadas do ritual. Armado apenas de seus braços e da sua coragem entra impávido no território inimigo. Como se tivesse sido chamada, Jasy se envolve em um manto negro num eclipse que enche de sombras o céu... Naipi e Tarobá fogem para o meio da floresta e da noite da direção do rio.
De repente o Grande Rio aparece como cristal liquefeito á frente dos dois... Tarobá prepara a caingué... Então das estranhas do grande Iguaçu ecoa um grunido cheio de ódio e vingança. É M’Boy que lança seu corpo para o alto, rasgando a terra com suas garras rancorosas abrindo um grande abismo onde a caingué de Naipi e Tarobá precipita-se desaparecendo na torrente nas águas. A imensa serpente se retorce e num último mergulho arranca Naipi dos braços de Tarobá antes de desaparecer... As águas se acalmam e somente uma profunda garganta de onde a água cai impiedosamente testemunha a luta que ali foi travada. O grande Iguaçu já não é mais um rio calmo e tranqüilo e ás suas margens renascem a vida no Vale das Borboletas...
De que são feitas as lendas¿... O poder de um Deus, a coragem de um guerreiro o amor de uma virgem, num só sentimento... Essa é a lenda do amor de Naipi e Tarobá, a Lenda das Cataratas do Iguaçu...
Naipi transformada em rocha será perpetuamente fustigada pela força da grande queda d’água. Tarobá convertido em uma palmeira situada á beira do abismo ficará para sempre olhando para a sua amada sem poder toca-la. Do meio das cataratas gigantescas dois olhos de serpente pousam sobre os dois amantes... É M’Boy que vigia eternamente suas vítimas.
Autor: Cláudio Desidério
Adaptação: Vera Vieira